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Amarela


Preocupado.

Os olhos avoados, garganta à mordaça.

E Ela a me olhar - à plataforma do metrô.

E Ela me via, à ferrovia. Guardava-se por um sorriso, um cumprimento. E eu mal sabia.

E o destino, à ferro, via. Sabia ele de cada baldiação que eu ainda faria, até a encontrar.

O que os Olhos não viam, a Garganta não ouvia e nem mesmo a Alma desconfiara:

Que ao desembarque, esbarrei-me; dessa vez, com Ela.

Olhares meus quebrados, a Tirania enfim rebentou. Com medo, a Garganta cegou-se, por hora, com a forte luz da liberdade. A Alma, receosa, sorria: Primeiro tímida, depois escandalosa.

Ao toque carinhoso, ao som que Ela mesma escolhera, as ferrovias rebolavam, enquanto o trem avançava pela linha Amarelada.

Choques de paixão e suspeita palpitavam braços e coração adormecidos. 

O romancista idealizador mal teve tempo de sonhar; era tudo mui real e mui temporâneo. Deveras sentimentos para poucas semanas.

E era úmido, por vezes quente; outrora frio e seco. Mas era sempre sincero, carinho verdadeiro.

Logo embarcaríamos e, à frente, trilhos e trilhos a serem percorridos. Estações longíquas - outras próximas:

Da Primavera ao Verão, do Outono ao Inverno.

E em todas as estações, longes ou chuvosas, estaríamos - e estaremos - sempre de mãos dadas, juntos.

Juntos mesmo após o desembarque solicitado; estação terminal.

Da Sumaré à Ana Rosa.

Da Ana Rosa ao Trianon.

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