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Amar é


Estava sol. A praia zunia com a quantidade de banhistas. Crianças se divertiam com a areia, no raso dele. Os mais velhos apenas o contemplavam e os aventureiros arriscavam um mergulho pra lá de suas ondas. Ele amava aquele mês. Janeiro. Era nesses tempos que ele, o mar, se reencontrava com todos seus amigos. Se admirava com Leninha, que neste ano já vestia a parte de cima do biquíni. Como crescera. Observou também que os Oliveiras estavam de volta, dessa vez sem Dona Tereza. Suas brumas, naquela orla, se salgaram de tristeza. Sentiria saudade daquela senhora e sua cadeira, molhando os pés na água que se rastejava pela areia úmida. Como amava seus amigos. Arremessava ondas e mais ondas. Como um imenso brincalhão, gostava de vê-los gargalhando. Quando um deles tentava sair para a areia, suas correntezas o puxava como quem diz: " Por favor, fica mais um pouco." E quando anoitecia e todos seus amigos se recolhiam em suas casas, sua maré avançava, tamanha a curiosidade e carência com suas amizades. Até que um dia o verão acabou. Seus amigos voltaram a suas cidades. Era outono e não tornaria a vê-los tão cedo. "Tsunami invade cidade, no início desta semana." Dizia o repórter. " Especialistas não confirmaram, mas biólogos já apresentam uma possível causa. 'É saudade', eles disseram. É saudade!"

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